O que é Soroban para cegos?

O Soroban é reconhecido como recurso educativo específico para aprendizagem de cálculos matemáticos por estudantes com deficiência visual no Brasil
destaque para mãos de uma criança utilizando um soroban. Próxima as mãos da criança há uma mão de mulher adulta apoiando o uso do soroban

Soroban é o nome dado para o ábaco japonês cuja origem é chinesa. O ábaco é um antigo instrumento de calcular, cuja palavra deriva do grego “Abai” que significa tábua de contar.

Desde 11 de maio de 2006, o soroban é reconhecido como recurso educativo específico para aprendizagem de cálculos matemáticos por estudantes com deficiência visual no Brasil. Instituições, como a Laramara – Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual, defendem a importância deste instrumento para vencer os obstáculos do ensino e dar acesso à educação inclusiva.

Apesar do seu reconhecimento no país, ter apenas 15 anos, o Soroban teve sua origem no ábaco que é um instrumento de cálculo, característico dos povos orientais e utilizado bem antes da era cristã. Foi levado da China para o Japão por Kambei Moori, autor do primeiro livro sobre o assunto, denominado Embrião do Soroban, em 1662.

O Soroban no Brasil

No Brasil, o recurso foi introduzido pelos imigrantes japoneses no ano de 1908, que o consideravam indispensável para cálculos matemáticos do dia a dia. Nessa época, o Soroban ainda não havia sofrido as adaptações necessárias para o uso das pessoas com deficiência visual e possuía cinco contas na parte inferior do eixo ou haste e uma conta na parte superior. O principal divulgador do Soroban no Brasil foi o professor Fukutaro Kato, natural de Tóquio, Japão, e conhecedor das diversas áreas das ciências econômicas e contábeis a partir de 1958, data da publicação de seu primeiro livro em português sobre soroban.

No Brasil, Joaquim Lima de Moraes, que tinha miopia progressiva, teve acesso ao instrumento e verificou a necessidade de adaptação. Em 1949, introduziu um tecido emborrachado sob as contas para que não deslizassem facilmente. No ano seguinte, passou a divulgá-lo, por meio de apresentações e palestras, nos serviços especializados, escolas, universidades, no rádio e na televisão.

A régua de numeração que divide o soroban em duas partes, recebeu em relevo, traços que indicam a separação de classes, vírgula decimal, barra de fração e sinal de índice de potência e pontos que representam as ordens de cada classe.

Características

  1. Moldura;
  2. Travessa ou régua longitudinal que divide o Soroban em duas partes: inferior e superior e separa as contas de valor 5 das contas de valor 1;
  3. Eixos ou hastes verticais por onde deslizam as contas e que representam as ordens numéricas;
  4. Contas da parte superior (Contas do Céu): 01 conta em cada eixo com valor numérico 5;
  5. Contas da parte inferior (Contas da Terra): 04 contas em cada eixo com valor numérico 1 cada uma delas;
  6. Pontos em relevo existentes ao longo da régua e que servem para indicar separação de classes (unidade, unidade de milhar, unidade de milhão etc…);
  7. Borracha, couro ou tecido para fixação das contas.

Obs. O soroban japonês não possui esse material, as contas ficam soltas.

Mas, afinal, como funciona o Soroban?

O Soroban é um instrumento de cálculo manual e retangular, composto pela parte externa, denominada moldura. Possui uma régua numérica, que o divide em duas partes, superior e inferior, transpassada por eixos ou hastes, onde se prendem as contas. Geralmente possui 21 eixos, divididos pela régua, com traços verticais e pontos em relevo representando as ordens e classes, unidade, dezena e centena. Em cada eixo, há cinco contas. Na parte superior e mais estreita, há uma conta, com valor cinco e na parte inferior, a mais larga, quatro contas, cada uma representa o valor um. Os números são registrados quando as contas, tanto superiores quanto inferiores estão próximas à régua.

Para Graça Corsi, pedagoga especializada em deficiência visual e membro da equipe Técnica de atendimento especializado da Laramara, “O soroban é um excelente instrumento para qualquer aluno, mas se torna imprescindível para a pessoa com deficiência visual. Sua estrutura e metodologia, favorece a formação do conceito e valor posicional do número, desenvolve o cálculo mental, a concentração e confere agilidade e autonomia, permitindo realizar os cálculos matemáticos com velocidade e precisão.”

Reconhecer e incentivar o uso do Soroban como principal instrumento de cálculo, fortalece a inclusão educacional e social, valoriza a diversidade e promove a equiparação de oportunidades para as pessoas com deficiência visual, nas diferentes Instituições de ensino.

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Respostas de 15

  1. Oi Mariângela! Sou professora e só recentemente conheci o Soroban. Gostaria de curso com certificação. Para dar aula de Soroban o que é necessário, além do domínio da técnica, claro?

  2. Olá! Eu gostaria muito de fazer o curso de soroban, assim que abrir uma turma por gentileza me informem , pois será de extrema necessidade para o meu trabalho com os alunos do AEE com cegueira e baixa visão .
    Obrigada!

  3. Sou professora e trabalho com crianças cega e baixa visão, gostaria de me aprofundar mais sobre LARAMARA.
    Trabalho com todos os programas, gostaria de saber como funciona os programas na LARAMARA.

  4. Recebi uma aluna cega há três dias, estou preocupada e ansiosa, pois não tenho nenhuma preparação para trabalhar com ela e a escola não dispõe de nenhum recurso. Preciso de ajuda, preciso de qualificação.

  5. Bom dia,

    Sou o monitor de Cálculo Diferencial e Integral da UERJ, e temos uns alunos com deficiência visual no curso de exatas.

    Gostaria de saber se vocês têm materiais voltados para o ensino de matemática para esses alunos.

    É bem difícil encontrar.

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